Nutrição Clínica

Área da nutrição responsável pela prevenção de doenças por meio de uma alimentação saudável e pelo controle alimentar de forma terapêutica em diversas enfermidades.

OBESIDADE

A obesidade é uma doença crônica cada vez mais prevalente, configurando um dos principais problemas de saúde pública no Brasil e no mundo.

O ganho de peso ocorre por uma combinação de fatores, como predisposição genética, consumo excessivo de calorias (alimentos em grandes quantidades ou com alto valor calórico) e sedentarismo. Menos comumente, algumas doenças e medicamentos também podem contribuir.

Pessoas obesas têm risco aumentado de desenvolver diversas doenças, como diabetes tipo 2, dislipidemia (aumento de colesterol e triglicerídeos), hipertensão arterial, problemas cardíacos, circulatórios, ortopédicos, pulmonares, hepáticos, renais, hormonais, infertilidade, além de vários tipos de câncer.

Obesos também apresentam redução na expectativa de vida (principalmente nos casos de obesidade mórbida), bem como na qualidade de vida.

Diagnóstico:

A maneira mais amplamente utilizada para o diagnóstico de obesidade é o cálculo do IMC (índice de massa corporal), dividindo-se o peso do paciente (em quilos) pelo quadrado de sua altura (em metros).

IMC < 18,5: baixo peso

IMC 18,5-24,9: peso saudável

IMC 25-29,9: sobrepeso

IMC 30-34,9: obesidade grau 1

IMC 35-39,9: obesidade grau 2

IMC >40: obesidade grau 3 (mórbida)

Sabe-se porém que o cálculo do IMC não é suficiente para a avaliação adequada da composição corporal. Algumas pessoas podem ter excesso de gordura corporal mesmo com um IMC normal, bem como pessoas com IMC um pouco elevado podem ter composição corporal saudável se tiverem massa muscular bem desenvolvida.

Uma avaliação médica e/ou nutricional ajuda a esclarecer se a composição corporal está saudável.

Tratamento:

Deve ser feito preferencialmente por equipe multidisciplinar: médico endocrinologista (avaliação de possíveis causas e consequências da obesidade, realização de exames e tratamento medicamentoso); nutricionista (avaliação e prescrição da dieta); educador físico; psicólogo ou psiquiatra (quando há componentes emocionais envolvidos); além de vários outros profissionais dependendo das manifestações apresentadas.

Dieta balanceada, exercícios físicos regulares e estilo de vida saudável continuam sendo as principais recomendações para controle do peso.

Existem algumas medicações que podem ajudar na redução do peso, sendo indicadas dependendo de avaliação médica adequada.

Em casos avançados de obesidade ou quando há complicações associadas, pode haver recomendação para cirurgia bariátrica (cirurgia para redução de peso). Existem várias técnicas disponíveis e a escolha baseia-se em fatores como grau de obesidade, doenças relacionadas e quadro clínico do paciente.

DISLIPIDEMIA

Níveis elevados de colesterol e triglicerídeos podem levar a aterosclerose (obstrução nos vasos sanguíneos), aumentando o risco para doenças circulatórias como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

O aumento nos lipídios geralmente ocorre por uma combinação de fatores, como predisposição genética, alimentação inadequada e sedentarismo. Algumas doenças e medicamentos também podem contribuir.

Como não há sintomas, o diagnóstico é feito por exames de sangue periódicos.

Dieta balanceada, exercícios físicos regulares, controle do peso e estilo de vida saudável contribuem para a prevenção e controle da dislipidemia.

Em alguns casos há indicação para tratamento com medicamentos, dependendo do nível de alteração nos exames, da presença de outros fatores de risco cardiovascular associados e das condições clínicas do paciente.

Níveis muito elevados de triglicerídeos podem causar pancreatite aguda, sendo recomendado tratamento medicamentoso.

É necessário controle periódico com exames de sangue para avaliar a resposta ao tratamento e prevenir complicações.

DIABETES MELLITUS

O diabetes é uma doença crônica caracterizada por elevação nos níveis de glicose (açúcar) no sangue. Não é curável, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

Se não for corretamente tratado, pode levar a complicações como doenças cardíacas, problemas circulatórios, distúrbios neurológicos, alterações na visão incluindo cegueira, insuficiência renal, disfunção sexual, aumento na incidência e gravidade de infecções, dificuldade de cicatrização, piora na qualidade de vida.

Principais tipos:

– Diabetes tipo 1 (DM-1): Representa cerca de 5% dos casos de diabetes. Geralmente surge na infância ou na adolescência e caracteriza-se por incapacidade do pâncreas de produzir quantidades suficientes de insulina.

– Diabetes tipo 2 (DM-2): Responsável por 95% dos casos e costuma surgir na vida adulta, embora a incidência em adolescentes e crianças esteja aumentando em associação com obesidade e maus hábitos alimentares. O principal mecanismo deste tipo de diabetes é a resistência a insulina, ou seja, há produção de insulina mas a mesma não consegue funcionar adequadamente (geralmente por obesidade associada). Nos casos avançados, ocorre também produção insuficiente de insulina.

– Diabetes Gestacional (DMG): ocorre em cerca de 2-5% das gestações, sendo mais comum em gestantes obesas e com maior idade.

Principais sinais e sintomas:

Perda involuntária de peso, muita sede, aumento na diurese, aumento no apetite, visão borrada, formigamento nas mãos e nos pés, infecções frequentes, dificuldade na cicatrização, fraqueza.

Muito importante: esses sintomas costumam aparecer em casos avançados de DM-2, ou na apresentação inicial do DM-1. A maioria dos pacientes com DM-2 não apresenta sintomas ao diagnóstico, o que reforça a importância de avaliação médica de rotina para prevenção e detecção precoce da doença.

Tratamento:

Compreende o controle da glicemia, a avaliação de todos os órgãos potencialmente envolvidos e a prevenção e tratamento das complicações e doenças associadas.

Dieta balanceada, controle do peso e exercícios regulares são fundamentais.

Existem diversos medicamentos eficazes, possibilitando atingir níveis de glicose próximos ao normal e prevenindo as complicações.

Para DM-2 geralmente são usados medicamentos por via oral (comprimidos), isolados ou associados a insulina. No DM-1 utiliza-se sempre insulina. Mulheres com diabetes gestacional podem ser controladas somente com dieta ou necessitar de medicações durante a gravidez.

Mesmo quando a glicose está controlada, são necessárias avaliações periódicas  para monitorar o tratamento e fazer possíveis ajustes terapêuticos.

Recomenda-se avaliação multidisciplinar para melhores resultados.

BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA

 O que é e como funciona o exame?

É um dos métodos mais precisos para avaliação da composição corporal, utilizado com objetivo de controle/perda de peso em praticantes de exercícios e algumas situações clínicas. Consiste na passagem de uma corrente elétrica pelo corpo, com baixa intensidade e alta frequência.

Os tecidos adiposo e ósseo são pobres condutores de corrente elétrica devido ao seu pequeno conteúdo de água, portanto apresentam alta resistência. Já os tecidos magros são altamente condutores, por conterem grande quantidade de água e eletrólitos, apresentando baixa resistência. A impedância é a medida da resistência desse condutor à passagem da corrente. As características do indivíduo (sexo, idade, altura) determinam as fórmulas utilizadas pelo aparelho de Bioimpedância para gerar o resultado.

Como resultado desse exame temos:

  • Percentual de gordura total
  • Percentual de músculo esquelético
  • Percentual de massa magra total
  • Índice de gordura visceral
  • Índice de massa corporal (IMC)
  • Taxa metabólica basal
  • Peso corporal

Os aparelhos com eletrodos nos membros superiores e inferiores (tetrapolares) são os mais precisos, pois a corrente passa desde o tronco até os pés.

Referências: Moissl U et al, NDT plus 2008; Coppini LZ et al, Curr Opin Clin Nutr Metab Care, 2005.

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Orientações para o exame:

  • Evitar o uso de medicamentos diuréticos no dia anterior ao teste
  • Ingerir pelo menos 2 litros de líquido no dia anterior ao teste
  • No dia do exame, usar roupas leves. Não usar meia-calça
  • Evitar fazer o exame no período pré-menstrual

  Duas horas antes, EVITAR:

  • Líquidos em excesso ou refeições volumosas
  • Chimarrão, café ou bebidas alcoólicas
  • Exercícios vigorosos
  • Evitar tomar banho nas duas horas anteriores ao exame
TRATAMENTO

Dietoterapia

 Primeira consulta: Avaliação do paciente, levando em conta aspectos gerais de saúde, nutricionais, estilo de vida e composição corporal. O paciente deve levar seus exames mais recentes e medicações em uso.

Segunda consulta: Prescrição do plano alimentar (dieta) com todas as explicações e combinações necessárias ao tratamento.

Consultas de acompanhamento: A partir da terceira consulta começa o acompanhamento. Nessas consultas serão realizadas avaliações de peso e medidas, alterações na dieta/tratamento, esclarecimento de dúvidas e planejamento de alta. Este acompanhamento é fundamental ao êxito do tratamento e pode ser realizado de forma semanal, quinzenal ou mensal, conforme necessidade individual.

Dicas para prevenir doenças crônicas através da alimentação

  • Divida sua alimentação em pelo menos 5 refeições ao dia, sempre obedecendo a intervalos de 2 – 4 horas
  • Prefira cereais integrais a refinados e produtos naturais a industrializados e congelados
  • Evite o uso de bebidas alcoólicas
  • Alimentos Diet, Zero e Light podem ser usados conforme orientação do nutricionista e não de forma livre
  • Prepare os alimentos assados ou cozidos em água ou vapor, grelhados, refogados, evitando frituras e molhos gordurosos
  • Prefira carnes e laticínios magros
  • Coma devagar, mastigando bem os alimentos
  • Ao fazer as refeições fora de casa, mantenha hábitos saudáveis
  • Procure variar a alimentação de acordo com os grupos alimentares
  • Escolha sempre uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos
  • Ingerir 3 unidades de oleaginosas por dia (castanhas, nozes, amêndoas)
  • Utilize temperos naturais (alho, cebola, orégano, cheiro verde etc)
  • Procure consumir os alimentos, sempre que possível, em sua forma natural
  • Beber água é muito importante, ingerir no mínimo 6 copos de água por dia
  • Medidas radicais não são recomendadas. Mude seus hábitos alimentares gradativamente.