Endocrinologia e Metabolismo
A Dra Eveline Predebon Morsch dedica-se especialmente ao atendimento de pacientes com doenças da glândula tireoide, com mais de 20 anos de atuação na área.
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, responsável pela produção, armazenamento e liberação dos hormônios T4 e T3. É regulada pelo TSH, hormônio produzido pela hipófise (glândula localizada na base do cérebro). Esses hormônios regulam a função de diversos outros órgãos, contribuindo para o equilíbrio do organismo e o controle do metabolismo.
Disfunções da tireoide podem ocorrer em qualquer etapa da vida, podendo estar relacionadas a diminuição ou aumento na produção hormonal (hipotireoidismo e hipertireoidismo) ou a nódulos de tireoide, que podem ser benignos ou malignos.
Hipotireoidismo
Ocorre quando a tireoide não consegue produzir quantidade suficiente de hormônios tireoideanos.
Principais sintomas:
Não existem sintomas específicos para o hipotireoidismo! Esses mesmos sintomas podem ocorrer em outras situações não relacionadas à tireoide. A avaliação endocrinológica é fundamental para a fazer o diagnóstico.
Tratamento:
É feito com reposição de levotiroxina (T4) em comprimidos. É um tratamento muito bem tolerado, tem baixo custo, proporciona uma importante melhora na qualidade de vida e previne complicações do hipotireoidismo. Essa reposição hormonal deve ser prescrita e monitorada pelo médico endocrinologista.
Hipertireoidismo
Principais sintomas:
Palpitações, agitação, insônia, ansiedade, irritabilidade, perda de peso, fraqueza muscular, tremores, aumento na sudorese, intolerância ao calor, queda de cabelos. Podem ocorrer algumas alterações oculares associadas: olhos saltados, lacrimejamento, pálpebras inchadas.
Alguns pacientes com hipertireoidismo leve podem não manifestar sintomas inicialmente. Por outro lado, algumas pessoas podem ter sintomas semelhantes por outras doenças não relacionadas à tireoide. A avaliação endocrinológica e exames apropriados são muito importantes para um diagnóstico correto e para a escolha do melhor tratamento.
Tratamento:
A escolha do tratamento do hipertireoidismo depende da causa do problema, podendo ser feito com medicamentos anti-tireoideanos, iodo radioativo ou cirurgia. É fundamental uma criteriosa avaliação com o médico endocrinologista para definir o que está causando o hipertireoidismo em cada paciente e poder escolher o melhor tratamento para cada caso.
Nódulos de tireoide
O diagnóstico costuma ser confirmado por ecografia da tireoide, principalmente quando é percebida uma nodulação diferente no pescoço ao exame físico feito pelo médico ou pelo próprio paciente.
Em alguns casos, há indicação para punção aspirativa do nódulo. É um exame simples, que coleta células do nódulo para serem analisadas no microscópio.
Cerca de 95% dos nódulos são benignos, mas em torno de 5% podem ser malignos (câncer de tireoide). A chance de malignidade é maior quando os nódulos surgem na infância ou após os 60 anos de idade.
Muitos nódulos são assintomáticos e não requerem tratamento. Alguns podem necessitar de remoção cirúrgica, especialmente se há suspeita de câncer, se o nódulo é muito volumoso ou se está causando algumas alterações hormonais. Atualmente existem técnicas mais modernas e menos invasivas de tratamento, como ablação por radiofrequência ou com etanol, que podem ser utilizadas em alguns casos, evitando cirurgia.
Câncer de tireoide
Algumas características aumentam a probabilidade de um nódulo ser maligno: crescimento rápido, nódulo endurecido, aumento dos linfonodos cervicais (gânglios ao redor da tireoide), história familiar de câncer de tireoide, alteração recente na voz (rouquidão), histórico prévio de radioterapia no pescoço.
O diagnóstico geralmente é feito por ecografia da tireoide e punção aspirativa dos nódulos suspeitos.
Tratamento:
Atualmente conseguimos selecionar melhor os pacientes que realmente se beneficiam de tratamentos mais intensivos, havendo uma tendência de cirurgias menos extensas em muitos casos.
Da mesma forma, métodos mais modernos de tratamento como cirurgias endoscópicas e robóticas estão disponíveis, assim como testes moleculares que podem ajudar a delinear a melhor conduta para cada paciente.
Para os carcinomas diferenciados (papilares e foliculares), que são os mais frequentes, pode haver indicação de tratamento adicional com iodo radioativo. Atualmente, com avaliação adequada, é possível atingir excelentes resultados com doses menores de radioatividade e identificar pacientes que nem mesmo precisarão receber esse tratamento complementar.
Quando a tireoide é totalmente removida, é necessário tomar levotiroxina por toda a vida, tanto para substituir a função da glândula como para prevenir recidiva do câncer. O monitoramento periódico com exames laboratoriais e de imagem é imprescindível.
Alguns tumores avançados (metastáticos) podem precisar de tratamentos adicionais. Hoje existem medicamentos que podem ser usados inclusive em casos de tumores refratários aos tratamentos convencionais.
A melhor conduta para cada paciente deve ser sempre individualizada e definida por médico endocrinologista com experiência em câncer de tireoide.
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